quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Estatuto Epistemológico da Pedagogia


Se tem algo polêmico dentro do campo da Pedagogia é a sua definição. Muitos teóricos ainda debatem se a Pedagogia pode ser considerada como uma ciência ou como uma aglomeração de várias ciências.

Como muitos pedagogos que apresentam esta dúvida, eu também refleti, neste espaço, sobre ela. Para tentar trazer uma visão mais ampla sobre o assunto, trago um dos referenciais teóricos mais importantes para tentar esclarecer tal indagação. O autor Albano Estrela, em sua obra Pedagogia ou Ciências da Educação, afirma que a Pedagogia ainda é considerada como um conjunto de ciências devido a sua ligação epistemológica com as chamadas Ciências da Educação tais como: a Psicologia, a Sociologia, a Economia. Essa dependência existe devido a complexidade de seu objeto de estudo: a Educação. Desta forma, somente seria possível torná-la uma ciência após definir seu objeto criando sua metodologia a partir de sua teoria.

Portanto, o Estatuto
Epistemológico da Pedagogia não apresentam um único viés, afinal é formado por três grupos que discutem a origem do conhecimento. São eles:

Os inatistas:
possuem uma epistemologia que afirma que o conhecimento nasce com o individuo;

Os ambientalistas:
esses defendem uma epistemologia a qual se fundamenta no conhecimento adquirido pelo meio; e

Os interacionistas: afirmam que o conhecimento nasce com o individuo e que se aperfeiçoa com o meio.

Diante desta análise, posso concluir que o Estatuto Epistemológico da Pedagogia apresenta definições distintas para cada visão do conhecimento. Após definir seu objeto de estudo, assim como para medicina seu objeto é o conhecimento do corpo humano e dos organismos que o afeta, ela poderá ser reconhecida como uma ciência.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O conceito de infância segundo Philippe Ariès


A concepção de criança que temos na atualidade nem sempre perdurou por todo o período da existência da humanidade. Na verdade, os seres infantis já foram tidos como semelhantes aos adultos e, portanto, tratados como tais.

Hoje irei trazer o referencial teórico mais adequado para este tipo de discussão.
O historiador francês Philippe Ariès traz com clareza três grandes momentos da história da humanidade que demarcam as distintas concepções de infância.

A análise feita por Ariès problematiza como o conceito de infância se deu nas construções sociais de três períodos históricos: na Antiguidade, no século XIII ao século XVIII e no século XVIII a atualidade. No primeiro período, segundo ele, a criança era considerada um adulto em miniatura por não haver distinção entre o mundo adulto e o mundo infantil, ou seja, a criança se “ingressava na sociedade dos adultos”. No segundo período, conforme evidencia o teórico, ocorreu uma mudança na perspectiva de criança. Agora, a sociedade passa a prezar pela inocência da mesma, portanto, a separa da vida dos adultos ao enclausurá-la na instituição escolar sob vigia dos preceptores (professores). Por fim, o terceiro período é caracterizado pela consolidação do conceito de infância. Ariès destaca que, neste período, a criança começa a ocupar o lugar central da família devido a ligação da mesma com a figura dos anjos que são tidos como eres puros e divinos.

Diante desta exposição vale agora refletir: Será que as crianças da atualidade estão resgatando os atos daquelas que viveram durante o século XVIII? Podemos observar que, de certo modo, a infância passa a adquirir características semelhantes a concepção que perdurou até o século XVIII. Afinal, as crianças de hoje passam a se comportar, vestir e viver de acordo com o mundo adulto. Mas, de onde vem este resgate? Da mídia? Pouco sei responder, mas digo que, assim como os aparatos multimidiáticos surgem para ajudar a desenvolver o modo de vida humano também surgem para quebrar com a inocência das crianças. Colocar as crianças em condições de adultos ao ter acesso a conteúdos do mundo de seus pais, as propicia o contato com o “país das mercadorias” e com a “terra do consumo” fazendo delas pequenas consumidoras. Eis a lógica capitalista, corrompe “menores”, aliena a todos e se coloca como única alternativa de sobrevivência da espécie humana.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resenha: Nietzsche e Educação

NIETZSCHE, F. Segunda Dissertação "Culpa", "má consciência" e coisas afins. In: Genealogia da Moral. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Neste texto, Nietzsche ressalta que a memória é consolidada por meio da dor, ou seja, o sujeito busca na memória a dor que lhe causou para não realizar a mesma ação que lhe acarretará um tipo de sofrimento. Portanto, o que causa dor ao indivíduo produz memória. Dito de outra maneira, o homem projeta seu futuro por meio do conhecimento passado que foi armazenado na memória por meio do sofrimento.

Outro aspecto bastante relevante é considerar que Nietzsche afirma que a má consciência deriva do sentimento de culpa que é cada vez mais afirmado pela quantidade de memorização e da formação de identidade humana por meio dos castigos e punições. Portanto, o indivíduo internalizando esse sentimento de culpa, ele próprio se pune ao reprimir suas vontades e desejos por meio da internalização de sua agressividade.

Nietzsche destaca também sobre o golpe de mestre dado pela Igreja Católica que ilustra muito bem este quadro de internalização dos desejos, sacrificação das vontades, quando ela cria a imagem de Jesus sendo Deus e homem que se sacrifica pela humanidade. Neste c
ontexto, as pessoas por se identificarem com Jesus, por ele ter sido homem, sentem-se como devedoras a quem tanto lhe sacrificou pela a conquista da salvação e sentem-se no dever de se sacrificar pelos outros a fim de pagar o sacrifício de Jesus. Portanto, é analisada a culpa e a dívida como coisas inseparáveis, como sinônimos.

No ponto de vista pedagógico, pode-se analisar dois aspectos a partir deste texto de
Nietzsche: um que afirma que o educador deve agir como ser que conhece seu aluno para entender como se dão as vontades de seus educandos; e outro em que o professor é visto como dominador de poder, afinal ao pensar que está ajudando alguém, na verdade, ele está querendo fazer de seu aluno um ser espelhado em um modelo: o seu.

Diante destas análises, pode-se concluir que Nietzsche aponta que a construção da moral surge da memorização da dor que leva o indivíduo a não cometer algo que não está presente nas leis. Desta forma, o autor faz uma crítica perante aqueles que acreditam que o convívio social depende exclusivamente do seguimento das leis. Afinal, sua ideologia está centrada em uma sociedade não calçada do ressentimento, mas sim em uma sociedade baseada na utilização da razão por meio de reflexões pessoais que, assim, ocasionam a livre ação dos sujeitos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Resenha: Coménio e Educação

COMÉNIO, J. A. Da disciplina Escolar; Da organização universal e perfeita das Escolas. In: Didáctica Magna. 3ª Edição. Praga: Fundação Calouste Gulbenkian, 1957.

A obra de Coménio possui uma perspectiva universal de educação na qual procura englobar a transmissão da consciência crítica mesclada com as virtudes de um homem religioso. Ou seja, utiliza o método de universalização do saber para expandir o conhecimento religioso que levará o homem a salvação. Em síntese, ele defende a disseminação (tipografia) do conhecimento. Com isso, cria o material didático para facilitar a produção do conhecimento em massa. Esta preocupação de Coménio, com a educação em massa, deriva do período em que viveu marcado pela transição do feudalismo para o capitalismo, vivenciando o paradoxo entre o Antigo Regime e as forças produtivas capitalistas.

Em sua didática, Coménio estabelece os limites. Para quem exorbita é necessário aplicar uma correção. Porém, ele defende que o ato violento é dado somente para casos extremos a fim de evitar a reincidência dos atos indesejáveis. Para ele, a melhor maneira de consertar os atos ilícitos é estimular com elogios quem pratica algo correto e repreender aqueles que exorbitam. Afinal, acredita que a punição psicológica é muito mais eficaz do que a punição física. Desta forma, Coménio promove as práticas de competição entre os alunos provenientes, também, do surgimento das sociedades pré-capitalistas que quebram com as sociedades feudais, no que diz respeito a estatização das classes sociais. Em suma, nasce a mobilização de classes devido ao caráter de competência do capital, ou seja, as pessoas podem mudar de condições financeiras e, por conseguintes, sociais por sua competência e não mais pela sua herança de riquezas.

Uma das características fundamentais na concepção moderna de educação em sua obra está no processo gradativo de educação. Portanto, as práticas de ensino passam a ser graduadas: ensino do conteúdo mais simples ao mais complexo, facilitando, deste modo, o processo de aprendizagem.

Isto posto, pode-se concluir que as punições entre professor e aluno presentes até os dias atuais são provenientes do espírito competitivo e autoritário do modo capitalista de produção.

domingo, 5 de julho de 2009

Resenha - Gestão e Educação

AZEVEDO, Janete M. L. O estado, a política educacional e a regulação do setor educação no Brasil: uma abordagem histórica. In: Gestão da educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

O artigo buscou mostrar como a educação no Brasil tornou-se alvo de políticas públicas. Para isto, foi preciso resgatar as influências do autoritarismo do período colonial sobre a cultura do país a fim de compreender a educação a partir do modelo de sociedade da época.

No século XIX, o Brasil iniciou o processo de libertação do domínio português o que não trouxe grandes mudanças na educação do país porque a política brasileira permaneceu estruturada da mesma forma que a sociedade do período colonial, baseada nos grandes latifúndios e no trabalho escravo. O que ocorreu de fato foi apenas o fortalecimento do poder privado. Neste momento de conservação, estão embutidos os princípios do liberalismo, que se baseiam na utopia de uma sociedade livre que na prática atende as expectativas da burguesia ao ampliar sua ordem e legitimar a escravidão. A Primeira Constituição de 1824, ilustrou muito bem este quadro de conservadorismo, nela encontrava a garantia dos direitos civis e políticos dos cidadãos todavia os escravos, que compunham a maior parte da sociedade, não eram reconhecidos como tais, ou seja, a cidadania era reservada apenas aos indivíduos proprietários de alta renda.

No que diz respeito a educação, o artigo 179 da Constituição garantia aos cidadãos gratuidade no ensino primário e o acesso aos colégios e universidades. Foi neste momento que a educação escolar começou a ter um caráter de manutenção de um certo padrão de sociedade, isto decorreu de sua própria estrutura que era fortemente marcada pela dualidade educacional ao reservar “os cursos preparatórios, o ensino secundário acadêmico e o superior” para as elites que futuramente acabavam ocupando os cargos públicos dos quais fortaleciam, cada vez mais, sua própria hegemonia e, ao dirigir à “educação do povo” o ensino primário e o secundário público e gratuito do qual homens aprendiam os ofícios manuais e as mulheres as prendas do lar que, mais tarde, deu espaço ao ensino preparatório para a prática do “magistério primário”. Porém, o sistema de ensino reservado aos pobres foi utilizado na íntegra pelas “classes médias emergentes”.

A educação neste contexto, era pouco discutida no Brasil, pois a preocupação do momento estava no sistema econômico agroexportador que, por sua vez, dependia por completo da violação dos direitos políticos da maior parte da população que era composta pelos escravos e pelos imigrantes estrangeiros.

Apesar disso, na segunda metade do século XIX, iniciou a preocupação com a expansão da educação sob influência internacional dos adeptos ao liberalismo. Mesmo assim, a educação ainda não era vista como uma “questão nacional”. Apenas com a união das reivindicações da classe média com o empresariado urbano é que surgiu um “projeto de moralização dos processos políticos” do qual deu forças para a criação de universidades no país. No entanto, o fantasma do dualismo educacional ainda rondava a educação brasileira.

No meio desses acontecimentos, existia uma triste realidade na alfabetização da maior parte da população brasileira, cerca de 80% dos indivíduos eram analfabetos, é neste quadro que a educação passa a atender as massas por meio de “campanhas de alfabetização” que surgem com o “fortalecimento do grupo urbano-industrial”. No entanto, o que se pretendia com a expansão do ensino era legitimar o poder político nas mãos das elites.

Em 1924 foi fundada no Brasil, a Associação de Educação Brasileira (AEB) que forneceu “espaços de estudo para a causa educacional e pela sua propagação” para implantar uma “política nacional regulada pelo poder central” com o intuito de fazer dos profissionais da educação indivíduos “reconhecidos socialmente”. Enquanto isso, o país procurava melhorias sociais em uma reforma “cívica e moral” ao tentar exterminar a ignorância e “garantir o voto consciente” a todos para “formar e organizar a opinião pública”.

Na educação, estas melhorias viriam com a universalização do ensino primário, laico, obrigatório e gratuito e com a “unificação do sistema dual”. Portanto, o que ocorria neste contexto, era a separação entre Igreja e Estado que retira o domínio do ensino privado das responsabilidades religiosas. Diante desta impotência da Igreja Católica, foi criado o Pastoral documento que reivindicava a volta do ensino religioso e o “reconhecimento do Estado como nação católica”. Observa-se, neste momento, que a Igreja se posicionava contra a laicidade do ensino e a favor da privatização, principalmente, dos “níveis médios”.

Opondo-se aos ideais de privatização da Igreja Católica, surgiu, a partir da AEB, os “pioneiros da educação” que buscaram difundir os princípios da Escola Nova ao defender a “universalização e a laicidade do ensino primário” .

Nesta mesma perspectiva foi criado, na década de 30, o Ministério da Educação e da Saúde instituído pelo Conselho Nacional de Educação e o Conselho Consultivo do Ensino Comercial “responsáveis pelo estabelecimento das diretrizes nacionais para os ensinos primários, secundário, superior e técnico-profissional e por sua unificação a partir do poder central”.

Envolvida nestas poucas conquistas do campo educacional, a Constituição de 1934 coloca todas as responsabilidades de planejamento nacional de todos os níveis educacionais para a União.

Para entender melhor como a educação se deu a partir do processo de modernização brasileira, é preciso separar os acontecimentos em torno desta, em duas principais fases.

A primeira delas mostra que a educação primária foi vista como um veículo para a qualificação de mão-de-obra e para o estabelecimento de um mercado consumidor.

Com a crise de 29, o Brasil modifica sua economia por completo, passando de agroexportador para importador. É neste momento, que o processo de industrialização surge e com ele nasce a necessidade de implantar novas tecnologias, o que não significa que o país passou a não exportar mais, pelo contrário, eram as exportações que permitiram a entrada da indústria no Brasil. Devido as essas tecnologias, a educação brasileira passa a ter necessidade de incorporar uma nova estrutura educacional para atender a demanda da modernização do país. Portanto, foi preciso expandir a educação e aumentar os “níveis de escolarização”.

Com este espírito de universalização da educação é que a Constituição de 1934 determina que o Estado deve ofertar o ensino primário gratuito e obrigatório.

Outra transformação no campo educacional está contida na “reforma de Francisco Campos” que fortalece a estrutura do ensino técnico-profissional, nesta expectativa o terceiro setor cria o SENAI (Serviço Nacional da Indústria), e o SENAC (Serviço Nacional do Comércio).

Desta forma, a educação se molda, neste período, da seguinte forma: o ensino primário pré-vocacional e o profissional para as pessoas sócio-economicamente desfavorecidas, o ensino primário e secundário propedêuticos e o ensino superior para as classes médias. Portanto, o que se observa é a valorização da educação para as elites e o acesso as séries iniciais da educação primária para os “trabalhadores urbanos”.

Foi neste momento que as classes médias iniciaram sua luta pela equivalência entre o ensino médio e o acadêmico para lhe possibilitar o acesso ao ensino superior. Contudo, a “escolarização primária universal” ainda não era entendida como prioridade na educação brasileira.

Na segunda fase, as classes médias visavam manter o projeto de industrialização no país. Para isto, os educadores que tinham uma postura liberal-democrática, conquistaram com a Constituição de 1946 o direito a escola básica. Além disso, a União deveria legislar sobres as LDB's da educação nacional. Mas ainda o ensino das massas ainda não era um assunto prioritário para a educação brasileira apesar da intensificação dos elementos da modernização no país.

A promulgação da LDBN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) em 1961 atendeu aos interesses do setor privatista ao invés dos interesses “sociais emergentes”.

Diante de tanta desigualdade seja ela de cunho social ou educacional, as massas iniciaram seu processo de reivindicações perante as “oligarquias tradicionais” comandadas pelas classes dominantes. Nasce, portanto, neste momento a necessidade de implantar um novo “referencial normativo” no campo educacional.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Capítulo II – Os estágios do desenvolvimento humano e a busca do equilíbrio do indivíduo entre suas disposições naturais e suas disposições sociais


Rousseau declara a importância dos estágios na educação por conta do desenvolvimento humano. Ele acredita que o homem nasce puro o que lhe corrompe é a sua relação com a sociedade. Por isso, julgava importante manter o indivíduo isolado das grandes cidades a fim de que se prepare para entrar em relação social isento da impregnação da civilização. Para Rousseau, o sujeito somente estaria preparado para entrar em contato com o mundo social quando chegasse a adolescência, período considerado por ele como o período da maturidade, quando o sujeito torna-se um ser moral capaz de diferenciar seus desejos de seus deveres, é o chamado cidadão de corpo e alma. Isto porque, o educador busca estimular em seu aluno a capacidade crítica por meio do seu conhecimento das características próprias de seu educando. Por isso, seu lema era: conheça seu aluno. Após este estágio educativo, o sujeito estaria preparado para alcançar o equilíbrio entre as disposições naturais do homem com suas disposições sociais. Em outras palavras, o indivíduo consegue realizar seus desejos e suas escolhas sem quebrar com as normas da civilização. Portanto, o sujeito precisa de seu livre arbítrio para tomar suas decisões sem esquecer das limitações do cotidiano social. É claro que Rousseau deixa explícito a dificuldade que o sujeito encontrará ao tentar equilibrar esses dois aspectos: civil e natural. Mas, é necessário que isto ocorra para que o sujeito torne senhor de si mesmo sem que haja alguém para lhe comandar.

Dito isto, é importante concluir que o filósofo Rousseau defensor da liberdade e da igualdade entre os homens contribuiu muito para o surgimento da Pedagogia Moderna porque defendia com unhas e dentes a criticidade do aluno proveniente das suas características particulares. Esta concepção deu origem a estrutura-cognitiva defendida por Piaget e por tantos outros teóricos da psico-pedagogia que acreditam que a educação somente ocorre por meio da construção conhecimento a partir dos conhecimentos prévios do aluno. Outro ponto relevante na sua contribuição é que o aluno por ser um sujeito capaz de pensar e refletir sobre o mundo, a educação agora possui um caráter bidirecional do qual aluno e professor aprendem e ensinam constantemente. Desta forma, é apoiada a idéia de que o autoritarismo pedagógico deve ser abolido para que os homens não apenas reproduzam e conservem os elementos sociais, mas os transforme.

Portanto, diante de todo este apoio teórico em torno das idéias de Rousseau, pode-se concluir que este pensador é a base da Pedagogia Moderna.

Capítulo I – A soberba intelectual na relação professor-aluno

Quando o filósofo iluminista do século XVIII contesta a soberba intelectual, ele combate as idéias vigentes de sua época que caracterizam a educação como um mero instrumento reprodutor de conhecimentos da vida adulta, fazendo, desta forma, com que as crianças se tornem adultos em miniatura. Isto ocorre devido ao ideal capitalista de adquirir mão-de-obra de forma acelerada, o que ocasiona a alienação dos indivíduos perante as desigualdades entre os homens.

É neste ponto que é válido destacar o método da Pedagogia de Comenius, que é ensinar tudo a todos de forma mais rápida buscando a universalização do conhecimento por meio da organização e da sistematização do saber. Observa-se, portanto, que o período de transição do feudalismo para o capitalismo centraliza suas energias, no ponto de vista educacional, no conhecimento do professor, dando espaço para o surgimento do autoritarismo do educador.

Ao enfatizar o autoritarismo pedagógico, pode-se fazer uma analogia deste com o pensamento de Galileu escrito por Brecht: infeliz é o sujeito que descarta seu pensamento crítico para seguir uma verdade imposta por outro. Neste pensamento, é evidenciado a ignorância que o aluno pode viver ao acreditar que o professor é a fonte da verdade absoluta.

Tentando demonstrar o papel da criança na educação, que Rousseau parte de pressuposto básico do qual inicia toda sua teoria: mostrar que a educação é fonte demonstrativa dos interesses particulares da criança fazendo com que ela encontre sua capacidade de interpretar tudo que está em sua volta.

Rousseau, pai da Pedagogia Moderna

Algumas razões para a proposta de Rousseau e seu marco na Pedagogia Moderna


Para compreender o motivo pelo qual Rousseau é considerado o marco da Pedagogia Moderna é necessário enfatizar três pontos essenciais do seu pensamento: a crítica a soberba intelectual presente na relação professor-aluno, a defesa de uma educação dada em estágios e a busca do equilíbrio do indivíduo entre suas disposições naturais e suas disposições sociais.

Vai-e-vem

Materiais utilizados

2 garrafas de refrigerante do tipo PET.
4 caixas de leite longa vida.
2 barbantes de varal de 1,5 metros de comprimento cada um.
Fita adesiva.
Tesoura sem ponta.

Procedimentos

1. Junto à criança cortei as duas garrafas de tipo PET ao meio. Iniciei com um pequeno corte com o estilete devido à ausência de ponta na tesoura e a falta de coordenação motora que a criança apresentava para realizar a tarefa.


2.Depois pedi para a criança encaixar as duas partes de cima das garrafas, uma à outra.

3. De modo que as duas garrafas permanecessem encaixadas, pedi para a criança passar em volta do ponto de ligamento entre elas, a fita adesiva transparente.

4. Cortei dois pedaços de barbante que apresentavam 1,5 metros cada um e pedi para criança passar os cordões pelo corpo do vaivém, conforme ilustra a foto. Além disso, pedi para ela tomar cuidado para que os barbantes não se cruzem.

5. Em seguida, mostrei a criança que a distância dos dois barbantes teria que ser a mesma de modo que o corpo do vai-e-vem pudesse se mover igualmente de um lado para o outro.

6. Para fazer as alçinh
as do brinquedo, pedi para a criança enrolar as quatro caixas de leite longa vida.

7. Para finalizar a cons
trução das alças, ensinei a criança a realizar um nó no barbante já colocado na caixa de leite longa vida para que não ocorresse nenhum desencaixe durante a brincadeira.



8. A
pós todos esses processos o brinquedo foi finalizado.

9. Foi só diversão.

Por que brincar com o vai-e-vem?

Esta atividade tem como objetivo resgatar na criança o prazer de brincar com brinquedos que seus familiares brincaram. Para tanto é preciso desenvolver na criança uma sensibilidade de criar seus próprios brinquedos, trabalhar com o lúdico, fazer com que o aprendizado desta atividade sirva para a vida, obter momentos de lazer e acima de tudo unir o prazer de brincar e se divertir. Pretende-se também iniciar com a criança a importância da preservação da natureza, reciclando garrafas plásticas e caixas de leite longa vida que são os materiais que mais demoram a degenerar no meio ambiente.

Além desses pressupostos, a realização da atividade tem como objetivo primordial despertar na criança a curiosidade, propor desafios na construção do brinquedo e buscar o desenvolvimento psico-motor da criança baseado nos movimentos das mãos e dos braços assim como a capacidade de raciocínio.


Desta maneira, esta atividade procurará desenvolver na criança seu aspecto mais infantil que está sendo perdido diante de tantas informações, que a mesma recebe através da mídia e outros meios de comunicação antes mesmo de ingressar na vida escolar, tantas informações que na maioria das vezes acabam prejudicando as crianças, que não são capazes de selecioná-las, o que pode levá-las até mesmo a não desenvolver o seu potencial de criatividade e seu envolvimento com o seu grupo de relacionamento, levando-as a atitudes individualistas.