quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resenha: Nietzsche e Educação

NIETZSCHE, F. Segunda Dissertação "Culpa", "má consciência" e coisas afins. In: Genealogia da Moral. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Neste texto, Nietzsche ressalta que a memória é consolidada por meio da dor, ou seja, o sujeito busca na memória a dor que lhe causou para não realizar a mesma ação que lhe acarretará um tipo de sofrimento. Portanto, o que causa dor ao indivíduo produz memória. Dito de outra maneira, o homem projeta seu futuro por meio do conhecimento passado que foi armazenado na memória por meio do sofrimento.

Outro aspecto bastante relevante é considerar que Nietzsche afirma que a má consciência deriva do sentimento de culpa que é cada vez mais afirmado pela quantidade de memorização e da formação de identidade humana por meio dos castigos e punições. Portanto, o indivíduo internalizando esse sentimento de culpa, ele próprio se pune ao reprimir suas vontades e desejos por meio da internalização de sua agressividade.

Nietzsche destaca também sobre o golpe de mestre dado pela Igreja Católica que ilustra muito bem este quadro de internalização dos desejos, sacrificação das vontades, quando ela cria a imagem de Jesus sendo Deus e homem que se sacrifica pela humanidade. Neste c
ontexto, as pessoas por se identificarem com Jesus, por ele ter sido homem, sentem-se como devedoras a quem tanto lhe sacrificou pela a conquista da salvação e sentem-se no dever de se sacrificar pelos outros a fim de pagar o sacrifício de Jesus. Portanto, é analisada a culpa e a dívida como coisas inseparáveis, como sinônimos.

No ponto de vista pedagógico, pode-se analisar dois aspectos a partir deste texto de
Nietzsche: um que afirma que o educador deve agir como ser que conhece seu aluno para entender como se dão as vontades de seus educandos; e outro em que o professor é visto como dominador de poder, afinal ao pensar que está ajudando alguém, na verdade, ele está querendo fazer de seu aluno um ser espelhado em um modelo: o seu.

Diante destas análises, pode-se concluir que Nietzsche aponta que a construção da moral surge da memorização da dor que leva o indivíduo a não cometer algo que não está presente nas leis. Desta forma, o autor faz uma crítica perante aqueles que acreditam que o convívio social depende exclusivamente do seguimento das leis. Afinal, sua ideologia está centrada em uma sociedade não calçada do ressentimento, mas sim em uma sociedade baseada na utilização da razão por meio de reflexões pessoais que, assim, ocasionam a livre ação dos sujeitos.

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